Cristianismo no Sec. XIX Liberalismo religioso e evangelho social

A era do progresso

                 Fim do sec. XIX e inicio do XX surge o liberalismo religioso, um novo mundo de pensamentos requer uma maneira de dar significado à fé sem distorcer o evangelho, mas como isso? O Professor Kenneth Cauthen diferencia dois tipos de liberalismo, o “liberalismo evangélico” e o “liberalismo modernístico”. Ele dizia que os evangélicos liberais eram cristãos respeitáveis que procuravam por uma teologia que satisfizesse aos “modernos inteligentes”, eles com isso se apoiavam nas experiências cristãs. O outro grupo era ao contrario, eram modernos inteligentes que queria ser cristãos respeitáveis por isso se apoiavam no pensamento moderno.
                Os liberais acreditavam que a teologia cristã deveria caminhar com a ciência moderna e também a fé tinha que ser explicada ou apoiada pela ciência e razão. Ao se renderem a esses pensamentos os liberais aceitaram teorias como o fato do universo ser uma “maquina harmoniosa” que Deus apenas vive nele, surgem dois termos teológicos técnicos cruciais, “imanência” e “transcendência”. A imanência apóia a teoria acima, que Deus apenas trabalha no mundo através da natureza, o mundo é Deus e Deus é o mundo, já a transcendência afirma que Deus criou o mundo e é superior a ele. Os liberais não conseguiam entender que Deus criara o mundo, eles tendiam a relacionar o espiritual com a consciência humana, e o curso da vida entre homem e natureza eles chamavam de Deus. Surgem as teorias da evolução e o famoso cientista Charles Darwin (1809 – 1882) que afirmou a teoria de Lyell ao defender a evolução da terra e das espécies com o seu livro “A origem das espécies”, mas não parou por aí, em 1871 ele lança “A evolução do homem” dizendo que somos seres evoluídos dos macacos. Assim, os liberais acreditaram que as teorias de Darwin apoiavam ao invés de contradizer as do cristianismo. A ciência desde então vem sempre para questionar o governo de Deus no mundo físico, surge o criticismo histórico que para muitos é uma desvalorização bíblica, na realidade é apenas o fato do crítico bíblico ser um estudioso que investiga a bíblia para encontrar explicações racionais ao invés de aceitar os dogmas da igreja. Esse criticismo religioso tomara grandes proporções a ponto de haverem contradições quanto à vida de Jesus, duas obras mais conhecidas criam uma “verdadeira” vida de Jesus, “A vida de Jesus de David Friedich Strauss (1835-1836)” e “A vida de Jesus de Ernest Renan (1863)”. Com isso o criticismo lançou a duvida se a Bíblia era autoridade infalível para fé e pratica cristã. Isso um prato cheio para os liberais se sentirem aliviados por não precisarem aceitar a Bíblia toda como a infalível palavra de Deus. Surge nesse período do séc XIX o Romantismo que veio no meio cristão afirmar do “Cristo vivo”, porque se preocupar com credos externos e formais, quando uma certeza governa nossa alma? Diante de todas essas coisas um grande pensador alemão, Schleiermacher, afirma que o criticismo Bíblico não pode causar danos ao cristianismo, pois o coração da mensagem bíblica fala diretamente com o individuo, e agora mais claramente porque os críticos nos capacitaram a entendê-lo. O impacto do liberalismo não se limitou a uma denominação ou um país, ele desafiou os ortodoxos europeus e da América do Norte. A Revolução industrial trouxe um novo desafio ao cristianismo, como reagir a essa crise social? Críticos dizem que o cristianismo não confrontou a crise, mas fugiu dela, não misturando profissão e ministério. Muitas crises sociais surgiram no período dessa revolução e a igreja estava cada vez mais excluída das posições políticas para discutir essas questões. O cristianismo passou a ser algo restrito, o criticismo agora não era mais religioso e sim político e social, os homens não tinham tempo para as questões “espirituais”. Crises e mais crises assolavam a população e visto que a igreja não tinha mais uma voz ativa nas mesas de discussões políticas, um número de católicos e protestantes lutou por melhores condições para os trabalhadores dessas indústrias, que muitos pertenciam a suas igrejas. Quatro vertentes fizeram parte dessa luta, 1: desafiar em nome de princípios cristãos a filosofia do laissez faire, que dizia que cada ser humano tinha que buscar seus próprios interesses e ser deixado em paz para fazer isso. 2: criar instituições cristãs para os necessitados. 3: apoiar a formação de grupos trabalhistas. 4: apelar ao Estado por uma legislação referente à melhora das condições de trabalho. Havia um impasse entre a competição capitalista e o exagerado controle estatal socialista, a igreja esteve por trás apoiando os grupos de trabalhadores que estavam no meio dessa briga. A história relata Leão XIII (1878 – 1903) foi primeiro papa a apoiar os sindicatos, defendendo o direito da organização dos trabalhadores católicos. Assim, o monopólio estatal e a escravidão industrial proporcionada pelo capitalismo estiveram sob a crítica papal.
                Líderes não conformistas foram os principais ajudantes dos trabalhadores nas suas lutas sindicais. William Booth (1829-1912) começou seu ministério com o trabalho com os pobres em Londres, em onze anos logo tinha 32 bases de evangelização e serviço social, seus trabalhadores ficaram conhecidos como Exército da Salvação, ele é só um dos exemplos dos não-conformistas que lutavam pela melhoria do trabalhador, essas reivindicações alcançaram a Inglaterra, mas foi um processo lento, passo a passo. O evangelho social na América se deu de uma forma diferente, ao invés de partir dos sindicatos conforme o europeu, ele partiu de dentro das igrejas, trazendo a idéia de que o cristianismo não é individualista, mas sim comunitário, o pai do movimento foi Washington Gladden (1836-1918), em sua igreja existiam tanto empregadores quanto empregados. O evangelho social leva o homem a buscar arrependimento por seus pecados sociais e criar uma consciência mais sensível e moderna. Segundo os pregadores do evangelho social, o maior pecado era o sistema capitalista, não sabiam ao certo quais seriam as soluções, mas todos defendiam que o reino dos céus não viria nessas condições sociais. Ao longo de sua história a igreja tentou melhorar a vida do homem aqui na Terra e prepará-la para a eternidade.

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1 comentários:

Unknown disse...

Embora creia que o Evangelho "é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê", o verdadeiro cristão, liberto pelo evangelho de Cristo não pode se esquecer de seus deveres sociais, e na medida do possível atender aos pobres em suas necessidades. Nisto eu creio que este evangelho social veio despertar os conservadores, que se acostumaram a viver uma vida egoísta restrita a uma religiosidade mecânica e sem frutos.

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