A Parusia (vinda) de Cristo no Livro de I e II Tessalonicenses.

Para identificar e entender o porquê Paulo escreve sobre a segunda vinda de Jesus a Igreja de Tessalônica fundada por ele, é necessário conhecer o contexto e as duvidas dos cristãos que lá estaveram..


Ele escreveu essas cartas como todas as outras com o intuito de fortalecer os cristãos gentios que se converteram por seu intermédio e ainda responder questões concernentes ao reino de Deus ao povo. A data da escrita das cartas, por volta de 50 ou 51 A.D. foi um período em que era oferecida proteção aos cidadãos tessalonicenses, pelo imperador romano, eles se tornaram hostis àqueles que glorificavam a Cristo como seu Rei e Redentor (Atos 17:1-9). Para fortalecê-los Paulo responde as suas dúvidas sobre a parusia de Jesus como forma de esperança e força para que permanecessem motivados no Senhor.

Estudos teológicos confirmam a dualidade e paralelismo entre as palavras de Jesus em Mt 24 e as de Paulo aqui em Tessalonicenses, mostrando que Paulo usou das palavras de Jesus para, inclusive ratificar que a parusia e o arrebatamento dos Santos serão eventos simultâneos, combatendo assim teorias como de John Nelson Darby, erudito inglês (1800-1882), que começou a ensinar a nova teoria de um arrebatamento secreto, pré-tribulação, sete anos antes da vinda de Jesus Cristo.

Uma das dúvidas dos tessalonicenses eram sobre os santos que já tinham morrido, eles participariam do arrebatamento? Paulo afirma que todos os cristãos seriam arrebatados juntos, pois “se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, cremos também que Deus trará mediante Jesus e com ele, aqueles que nele dormiram” (I Ts. 4: 14). Essa questão incomodava os cristãos por isso Paulo relata que essas palavras sirvam de consolo e tranquiliza os entristecidos crentes, (I Ts. 4:18).

Outra questão seria a defesa da maneira em que a parusia aconteceria, muitas falsas maravilhas e sinais enganosos conflitavam os cristãos tessalonicenses, por isso Paulo relata que somente ao toque da trombeta e a voz do arcanjo é que o Filho do Homem virá, os santos se reunirão e subiram com o Ele. Mesmas afirmações que Jesus disse em Mt. 24.

Mais uma questão, quando Jesus voltará? Muitos cristãos por interpretarem de maneira errada as afirmações de Paulo, começaram a crer que essas séries de eventos estavam acontecendo naquele tempo, Paulo que afirmara em I Ts. 5:1e2 que o Dia do Senhor viria como o ladrão da noite, por isso suscita que o povo não fique em trevas (I Ts. 5:4) para que não sejam surpreendidos, volta a afirmar que não acreditassem que por qualquer espírito, palavra ou carta que supostamente anunciasse a vinda de Cristo, deveria agitar seus corações (II Ts. 2: 1-3). Muitos já tinham acreditado ao ponto de não se esforçarem para a evangelização e nem quererem trabalhar mais (II Ts. 3.11).

O evangelho apocalíptico de Paulo assemelha-se muito ao de Cristo em Mat. 24:21-31. Jesus e Paulo apresentam a segunda vinda e o arrebatamento da Igreja como um só evento que ocorrerá imediatamente à tribulação patrocinada pelo anticristo. Enquanto o Mestre advertiu particularmente contra o engano de uma parusia secreta e invisível (Mat. 24:26 e 27), Paulo fez o mesmo especificamente contra o engano de uma parusia a qualquer momento (II Tes. 2:3-8).

@_TaveiraJunior

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Cristianismo no Sec. XIX Liberalismo religioso e evangelho social

A era do progresso

                 Fim do sec. XIX e inicio do XX surge o liberalismo religioso, um novo mundo de pensamentos requer uma maneira de dar significado à fé sem distorcer o evangelho, mas como isso? O Professor Kenneth Cauthen diferencia dois tipos de liberalismo, o “liberalismo evangélico” e o “liberalismo modernístico”. Ele dizia que os evangélicos liberais eram cristãos respeitáveis que procuravam por uma teologia que satisfizesse aos “modernos inteligentes”, eles com isso se apoiavam nas experiências cristãs. O outro grupo era ao contrario, eram modernos inteligentes que queria ser cristãos respeitáveis por isso se apoiavam no pensamento moderno.
                Os liberais acreditavam que a teologia cristã deveria caminhar com a ciência moderna e também a fé tinha que ser explicada ou apoiada pela ciência e razão. Ao se renderem a esses pensamentos os liberais aceitaram teorias como o fato do universo ser uma “maquina harmoniosa” que Deus apenas vive nele, surgem dois termos teológicos técnicos cruciais, “imanência” e “transcendência”. A imanência apóia a teoria acima, que Deus apenas trabalha no mundo através da natureza, o mundo é Deus e Deus é o mundo, já a transcendência afirma que Deus criou o mundo e é superior a ele. Os liberais não conseguiam entender que Deus criara o mundo, eles tendiam a relacionar o espiritual com a consciência humana, e o curso da vida entre homem e natureza eles chamavam de Deus. Surgem as teorias da evolução e o famoso cientista Charles Darwin (1809 – 1882) que afirmou a teoria de Lyell ao defender a evolução da terra e das espécies com o seu livro “A origem das espécies”, mas não parou por aí, em 1871 ele lança “A evolução do homem” dizendo que somos seres evoluídos dos macacos. Assim, os liberais acreditaram que as teorias de Darwin apoiavam ao invés de contradizer as do cristianismo. A ciência desde então vem sempre para questionar o governo de Deus no mundo físico, surge o criticismo histórico que para muitos é uma desvalorização bíblica, na realidade é apenas o fato do crítico bíblico ser um estudioso que investiga a bíblia para encontrar explicações racionais ao invés de aceitar os dogmas da igreja. Esse criticismo religioso tomara grandes proporções a ponto de haverem contradições quanto à vida de Jesus, duas obras mais conhecidas criam uma “verdadeira” vida de Jesus, “A vida de Jesus de David Friedich Strauss (1835-1836)” e “A vida de Jesus de Ernest Renan (1863)”. Com isso o criticismo lançou a duvida se a Bíblia era autoridade infalível para fé e pratica cristã. Isso um prato cheio para os liberais se sentirem aliviados por não precisarem aceitar a Bíblia toda como a infalível palavra de Deus. Surge nesse período do séc XIX o Romantismo que veio no meio cristão afirmar do “Cristo vivo”, porque se preocupar com credos externos e formais, quando uma certeza governa nossa alma? Diante de todas essas coisas um grande pensador alemão, Schleiermacher, afirma que o criticismo Bíblico não pode causar danos ao cristianismo, pois o coração da mensagem bíblica fala diretamente com o individuo, e agora mais claramente porque os críticos nos capacitaram a entendê-lo. O impacto do liberalismo não se limitou a uma denominação ou um país, ele desafiou os ortodoxos europeus e da América do Norte. A Revolução industrial trouxe um novo desafio ao cristianismo, como reagir a essa crise social? Críticos dizem que o cristianismo não confrontou a crise, mas fugiu dela, não misturando profissão e ministério. Muitas crises sociais surgiram no período dessa revolução e a igreja estava cada vez mais excluída das posições políticas para discutir essas questões. O cristianismo passou a ser algo restrito, o criticismo agora não era mais religioso e sim político e social, os homens não tinham tempo para as questões “espirituais”. Crises e mais crises assolavam a população e visto que a igreja não tinha mais uma voz ativa nas mesas de discussões políticas, um número de católicos e protestantes lutou por melhores condições para os trabalhadores dessas indústrias, que muitos pertenciam a suas igrejas. Quatro vertentes fizeram parte dessa luta, 1: desafiar em nome de princípios cristãos a filosofia do laissez faire, que dizia que cada ser humano tinha que buscar seus próprios interesses e ser deixado em paz para fazer isso. 2: criar instituições cristãs para os necessitados. 3: apoiar a formação de grupos trabalhistas. 4: apelar ao Estado por uma legislação referente à melhora das condições de trabalho. Havia um impasse entre a competição capitalista e o exagerado controle estatal socialista, a igreja esteve por trás apoiando os grupos de trabalhadores que estavam no meio dessa briga. A história relata Leão XIII (1878 – 1903) foi primeiro papa a apoiar os sindicatos, defendendo o direito da organização dos trabalhadores católicos. Assim, o monopólio estatal e a escravidão industrial proporcionada pelo capitalismo estiveram sob a crítica papal.
                Líderes não conformistas foram os principais ajudantes dos trabalhadores nas suas lutas sindicais. William Booth (1829-1912) começou seu ministério com o trabalho com os pobres em Londres, em onze anos logo tinha 32 bases de evangelização e serviço social, seus trabalhadores ficaram conhecidos como Exército da Salvação, ele é só um dos exemplos dos não-conformistas que lutavam pela melhoria do trabalhador, essas reivindicações alcançaram a Inglaterra, mas foi um processo lento, passo a passo. O evangelho social na América se deu de uma forma diferente, ao invés de partir dos sindicatos conforme o europeu, ele partiu de dentro das igrejas, trazendo a idéia de que o cristianismo não é individualista, mas sim comunitário, o pai do movimento foi Washington Gladden (1836-1918), em sua igreja existiam tanto empregadores quanto empregados. O evangelho social leva o homem a buscar arrependimento por seus pecados sociais e criar uma consciência mais sensível e moderna. Segundo os pregadores do evangelho social, o maior pecado era o sistema capitalista, não sabiam ao certo quais seriam as soluções, mas todos defendiam que o reino dos céus não viria nessas condições sociais. Ao longo de sua história a igreja tentou melhorar a vida do homem aqui na Terra e prepará-la para a eternidade.

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Um pouco do cristianismo no Sec XIX

Uma Nova Fronteira Social


Sec XIX, Gra-Bretanha domina o período, na Inglaterra ocorreu a revolução industrial, os mares eram da Marinha Inglesa, Londres o pólo financeiro do mundo e o maior império em extensão foi o Britânico. Muitos Cristãos se dividiam entre o medo e a esperança dessa nova fase do cristianismo europeu, esse crescimento gerou dois grupos, os protestantes ingleses (igreja Anglicana) e os não-conformistas (Metodistas, batistas e outras). Nesse segundo grupo encontramos nomes como de John Wesley e George Whitefield que iniciaram o era do movimento evangélico, os não-conformistas não eram igrejas no sentido tradicional e sacramental, eram um grupo de cristãos evangelistas que aproveitaram essa expansão marítima inglesa como porta para outros “mundos”. Os fiéis a Igreja anglicana aprovavam seu governo Episcopal, mas queriam mesmo era trabalhar com os não-conformistas.

A comunidade de Clapham era um grupo de cristãos ricos em sua maioria que lutavam pela melhoria política do seu país liderada por Willian Wilberforce. Esse grupo foi responsável por criarem muitas causas evangélicas voltadas às questões sociais, a mais importante foi a luta pelo fim do tráfico de escravos Africanos as Índias Orientais, isso fez com que esses cristãos se unissem aos não-conformistas, afinal ambos lutavam pela mesma causa, a sociedade. Por outro lado surge o movimento de Oxford, completamente oposto ao movimento não-conformista e o de Clapham, os homens de Oxford se preocupavam com a sociedade inglesa, aos poucos pessoas não cristãs iam conquistando opinião e influencia sobre a igreja. O seu objetivo era afirmar que a autoridade da Igreja não dependia da do Estado.

Willian Carey foi considerado o pai das missões modernas, por conhecer as maneiras e necessidades da propagação do cristianismo, em 1792 Carey e seu companheiro de jornada Fuller, mais onze colegas fundaram a Sociedade Missionária Batista. Paralelo ao movimento de Carey e Fuller surge o milenialismo onde Jonathan Edwards afirmava que propagar o evangelho traria o reino de Cristo venha a terra, idéia mais tarde vivida por Beecher.

Surge nesse período a criação da sociedade voluntária por Carey, com o intuito de criar um grupo de cristãos sérios que levantavam informações, fundos e selecionavam os missionários para o campo. Esse projeto interferiu diretamente nas formas administrativas das igrejas e tornou possível ações entre elas, anglicanos, batistas, metodistas e congregacionais, todos trabalhando juntos sem levantar questões de cada denominação. Esse trabalho fez com que os Estados Unidos criassem fundações assim, e a evangelização de pagãos entrou como atividade fundamental das igrejas americanas. Uma grande barreira nesse período era a cultura, os missionários achavam que o evangelho era da maneira deles, por isso, evangelizar um hindu era transformá-lo num português, de fato o cristianismo é uma revolução na crença e estilo de vida, por esse motivo hoje os cristãos em países islâmicos ainda são minoria. As marcas do cristianismo moderno foram: o voluntarismo onde não havia interferência do estado no evangelismo; o movimento missionário era organizado e com estrutura, diferente do inicio da expansão missionária; surgem os ministérios humanitários, compostos por professores e médico. Esse movimento missionário devolveu o evangelho ao centro do Cristianismo.

No sec. XIX a visão de uma América cristã era um tema dominante no protestantismo, o que fazer com uma sociedade “virgem” que precisa ser “catequizada” ao cristianismo? Os cristãos da época viram na América um interesse pela sociedade. O oeste dos Estados Unidos, era um lugar de violência por causa das guerras entre índios e colonizadores, terra sem lei, que com o tempo foi domada pelos cristãos através da sociedade voluntária e do avivamento. Uma Carta de Direitos autorizava as igrejas a praticarem sua fé e crença livremente, isso permitiu que os cristãos criassem sociedades diversas para discutir os assuntos pertinentes as denominações. Um grande nome do avivamento americano por volta de 1800 foi James McGready, em seguida aparecem Charles Finney, D. L. Moody e Billy Graham, mas apesar de uma democracia com base cristã ser o regimento americano no período, os americanos ainda tinham escravos, esses escravos tiveram acesso ao “Deus do branco” e aos poucos tornaram-se cristãos. Porém foi uma causa de muitos conflitos entre o Norte e Sul, um condenava e o outro defendia e escravidão, ambos valiam-se dos mesmos símbolos, a Bíblia, um paraíso, um inferno, Jesus Cristo, um caminho de salvação, como então Deus estaria do lado de um e não de outro? Abraham Lincoln entra em cena, ele dizia que os cristãos não poderiam usar a vontade de Deus para seus interesses. Guerras e sangue marcaram o período, surge o choque cultural na América evangélica. Negros ganham força, se estruturam, enquanto Darwin em 1859 publica “a origem das espécies”, que causou o choque da fé, se Darwin estava certo, Deus era o criador mesmo? Outro choque foi uma expansão industrial que trouxe pessoas de várias partes do mundo com opiniões variadas sobre os conceitos cristãos. O principal choque se deu da evolução do conhecimento humano, muitos estudiosos achavam no direito de questionar verdades bíblicas e lançar como teses aos povos, todos esses choques causaram evidentemente divisão entre cristãos, uns achavam que tudo isso era benção enviada por Deus, e outros resistiam à elas como ameaças a mensagem bíblica. O sonho de uma sociedade milenialista de Beecher estava enfraquecendo pela guerra entre os estados. Definitivamente o sonho de Beecher estava morto.

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